Por que Postos com Histórico de Fraude Continuam Funcionando?

Por que Postos com Histórico de Fraude Continuam Funcionando?

Apesar das fiscalizações, denúncias e até reportagens que expõem irregularidades, muitos postos flagrados vendendo combustível adulterado continuam operando normalmente — alguns, inclusive, com o mesmo nome e fachada. Isso levanta uma pergunta incômoda: por que quem engana o consumidor continua de portas abertas?

A resposta está em um sistema falho e permissivo, onde as punições são brandas, lentas e cheias de brechas legais. Quando um posto é autuado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), ele tem direito a recorrer — e durante esse processo, pode continuar funcionando normalmente. O julgamento pode levar anos, e enquanto isso, a bomba que entregava menos combustível ou estava carregada de solventes químicos continua abastecendo carros como se nada tivesse acontecido.

Além disso, muitos donos de postos com histórico de fraudes mudam o CNPJ, trocam a razão social ou vendem o posto para familiares, o que dificulta o rastreamento de reincidências. Na prática, isso permite que o mesmo grupo mantenha o controle do ponto comercial, mesmo após denúncias graves. Como consequência, o consumidor volta a abastecer no mesmo lugar, sem saber que ali já houve adulteração comprovada.

O cenário é agravado pela baixa capacidade de fiscalização: o Brasil tem mais de 40 mil postos ativos, mas a ANP conta com número limitado de agentes para cobrir todo o território nacional. Em muitos casos, a descoberta de fraudes depende exclusivamente da denúncia do consumidor — algo que ainda é pouco feito, seja por desconhecimento ou descrença no sistema.

Enquanto isso, os prejuízos são enormes. Motores danificados, aumento no consumo, falhas mecânicas, emissão de poluentes… tudo isso causado por um combustível que não entrega o que promete e continua circulando livremente.

Aplicativos como o GasMap® surgem como alternativa de vigilância coletiva, permitindo que motoristas avaliem, denunciem e compartilhem suas experiências com postos. Mas para que isso funcione, é essencial que o consumidor participe, registre reclamações, compartilhe informações e pressione por mais transparência.

Afinal, se o sistema deixa passar, cabe a nós nos proteger — e denunciar.